Virada inesperada: Rubinho Nunes muda de lado às vésperas das eleições
O cenário político paulistano costuma ser imprevisível, mas 2024 trouxe um ingrediente a mais. Em agosto, já no segundo tempo da disputa municipal, Rubinho Nunes, então vereador pelo União Brasil, surpreendeu ao abandonar o barco de reeleição de Ricardo Nunes (Ricardo Nunes, do MDB) para declarar apoio a Pablo Marçal, do PRTB. A jogada aconteceu pouco antes da largada oficial da campanha, quando as alianças já pareciam sólidas e o eleitorado buscava sinais claros.
A saída, segundo aliados de Rubinho, foi motivada por uma insatisfação interna com a condução da campanha do MDB, além de divergências estratégicas que vinham se acumulando. Pablo Marçal, outsider da política tradicional, vinha tentando agregar novos rostos à sua candidatura e viu, no apoio do vereador, uma oportunidade de ganhar tração. Só que a movimentação de Rubinho veio tarde demais para se transformar em capital político eficaz.
Ricardo Nunes não perdeu tempo em comentar o assunto. O então prefeito disse que Rubinho errou feio na calculadora eleitoral, já que o anúncio a poucas semanas da eleição não teria potência suficiente para afetar o jogo. Nos bastidores, a interpretação era de puro oportunismo: Rubinho tentou surfar na onda de um novo projeto, mas chegou atrasado para fazer diferença.
Fake news, cassação e abalos no centro-direita paulistano
O episódio que começou como mera reviravolta de bastidor ganhou contornos graves logo depois. No calor da disputa, Rubinho Nunes compartilhou nas redes um laudo médico forjado, que ligava o candidato Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de drogas. A peça era falsa, mas circulou nas redes durante semanas, inflamando ainda mais o ambiente eleitoral polarizado. Em maio de 2025, a Justiça bateu o martelo: Rubinho foi cassado e tornou-se inelegível por oito anos, punição dura para um político que, meses antes, tentava reposicionar sua carreira.
No entorno do centro-direita paulistano, a decisão gerou desconforto. Alguns viram na cassação um sinal para barrar práticas de desinformação e dar um basta à escalada de notícias falsas, que já vinham minando a confiança de parte do público no processo eleitoral. Outros, menos incisivos, temiam instabilidade interna após a troca de lados e a perda de um vereador ligado a pautas conservadoras.
O movimento de Rubinho, aliado à reação de Ricardo Nunes, expôs as rachaduras e a instabilidade típica das eleições em São Paulo. Mostrou que timing, credibilidade e cuidado na disseminação de informações são peças-chave – ou armadilhas – para quem quer sobreviver ao jogo político sem virar notícia pelos motivos errados.
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