Na manhã de 8 de outubro de 2025, o Diário do Grande ABC publicou seu tradicional obituário, anunciando três óbitos que marcaram a comunidade da Grande ABC. Entre os nomes, destaca‑se Ana Maria Gomez Perez, cidadã espanhola de 93 anos, residente no bairro Centro de Santo André. O aviso também inclui Clovis Patriani, 90, e Luiz Julião de Abreu Fonseca, 94, ambos ligados à mesma cidade. A coluna de falecimentos, que aparece às 10h00 (horário de Brasília) tanto na versão impressa quanto no portal dgabc.com.br, segue o padrão de entrega de avisos funerários que a população da região conhece há décadas.
Contexto histórico do Diário do Grande ABC
Fundado em 1954, o Diário do Grande ABC nasceu para atender um público industrializado, que buscava informação rápida e confiável. Desde 1980, a seção de obituários nunca deixou de ser publicada, funcionando como um registro civil informal num território onde os serviços públicos costumam ser sobrecarregados. A prática de imprimir avisos de falecimento no mesmo dia – ou no máximo 24 a 72 horas após a comunicação – decorre da necessidade de informar rapidamente vizinhos, colegas de trabalho e parentes que, na maioria das vezes, ainda moram nas mesmas áreas residenciais.
O jornal tem sede em Santo André, mas sua circulação alcança todo o conjunto de seis municípios que compõem a Grande ABC: São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires. Juntos, esses municípios somam cerca de 3,2 milhões de habitantes, segundo estimativas de 2025.
Detalhes dos falecimentos anunciados
Ana Maria Gomez Perez faleceu no domingo, 3 de outubro de 2025, aos 93 anos. Natural da Espanha, ela viveu quase toda a vida em Santo André, tendo chegado ao Brasil com sua família nos primeiros anos da industrialização da região. O aviso indica que o sepultamento será realizado no Cemitério Memorial Jardim Santo André, um dos maiores e mais conhecidos da cidade.
Já Clovis Patriani, de 90 anos, apareceu no obituário sem maiores detalhes biográficos, apenas a referência ao município de Santo André. Essa falta de informação costuma ocorrer quando a família opta por um aviso mais sucinto, respeitando a privacidade do falecido.
Por fim, Luiz Julião de Abreu Fonseca, nascido em Ipaussu (SP) e residente em Santo André, completou 94 anos antes de partir. O registro na edição de 8/10/2025 confirma a prática de listar a cidade de origem, reforçando a identidade regional dos leitores.
A tradição dos obituários na Grande ABC
O formato adotado pelo Diário do Grande ABC segue o padrão brasileiro: idade, nome completo, nacionalidade (quando pertinente), bairro ou município de residência e, ao final, o local de sepultamento. Diferente de outras regiões do país, onde as datas de enterro costumam aparecer, o periódico da ABC costuma limitar‑se ao nome do cemitério, mantendo o anúncio compacto.
Essa escolha reflete a dinâmica das comunidades industriais, onde a rede de apoio – vizinhos, colegas de fábrica e sindicatos – funciona como um sistema de informação paralelo. Quando o aviso sai, costuma ser repetido em pães de boca entre os trabalhadores das linhas de montagem, garantindo que todos fiquem cientes sem precisar consultar o jornal.
Além disso, a presença de imigrantes europeus, como a avó Ana Maria, ilustra o legado da imigração massiva que, a partir da década de 1940, trouxe milhares de famílias espanholas, italianas e portuguesas para bairros como o Centro de Santo André. As colunas de falecimento, portanto, também servem como registro de como essas comunidades foram se integrando ao tecido social da região.
Impacto e relevância para a comunidade
Para os moradores da Grande ABC, o obituário não é apenas um anúncio de morte; é um ponto de conexão social. Em bairros onde as famílias costumam viver lado a lado por gerações, saber que um vizinho faleceu ajuda a organizar visitas, prestar solidariedade e, em alguns casos, acionar redes de apoio como o programa de assistência ao idoso dos sindicatos.
Especialistas em sociologia urbana, como a professora Mariana Soares da Universidade Metodista de São Paulo, apontam que tais colunas reforçam “um senso de memória coletiva” num cenário onde a mobilidade residencial tem aumentado. "Quando lemos o nome de alguém que conhecemos, a reação é imediata: enviamos flores, fazemos uma visita ao cemitério ou simplesmente ligamos ao parente mais próximo", afirma Soares.
O fato de o jornal publicar o obituário diariamente, inclusive em versões digitais, garante que quem mora fora da região também tenha acesso rápido às informações — algo crucial para famílias que moram em outras partes do estado ou até no exterior.
Perspectivas futuras para o serviço de avisos de falecimento
Com a crescente digitalização, o Diário do Grande ABC tem investido em ferramentas que permitem que os familiares enviem os avisos diretamente pelo site, reduzindo o tempo entre a comunicação ao funeral e a publicação. Ainda assim, a tradição impressa permanece forte, especialmente entre os leitores mais antigos, que sabem que a edição de domingo traz um resumo consolidado das notícias da semana.
Analistas de mídia preveem que o modelo híbrido – papel + digital – continuará a ser a melhor estratégia para alcançar todo o espectro demográfico da Grande ABC. Enquanto isso, os nomes dos falecidos — como Ana Maria Gomez Perez, Clovis Patriani e Luiz Julião de Abreu Fonseca — continuarão a ocupar um espaço de destaque nas páginas, lembrando a todos que, apesar da modernização, a memória coletiva ainda se constrói linha a linha, aviso a aviso.
Perguntas Frequentes
Como a comunidade da Grande ABC costuma reagir ao ler um obituário?
Muitos moradores vão ao cemitério, enviam flores ou telefonam aos parentes próximos. Nas fábricas, colegas de trabalho costumam se reunir para prestar homenagem durante o intervalo.
Por que o aviso não inclui a causa da morte?
A legislação brasileira permite que famílias omitam a causa, protegendo a privacidade dos falecidos. Além disso, o objetivo principal do obituário é informar o falecimento e o local de sepultamento.
Qual a diferença entre o obituário da ABC e o de outras regiões do Brasil?
Na ABC, os avisos costumam mencionar a cidade de origem, bairro de residência e apenas o nome do cemitério, enquanto em outras áreas costuma‑se incluir horário e detalhes da cerimônia.
Quem são os responsáveis pela publicação dos avisos?
São as funerárias locais que enviam as informações ao Diário do Grande ABC. A família pode também submeter o aviso diretamente pelo portal.
Qual a importância histórica desses obituários para a região?
Eles funcionam como um registro cronológico da população, ajudando genealogistas e historiadores a mapear migrações, estruturas familiares e mudanças demográficas ao longo das décadas.
4 Comentários
É triste perder pessoas que fizeram parte da história da nossa comunidade, ainda mais quando elas carregam memórias de várias gerações. A Ana Maria, o Clovis e o Luiz Julião foram pilares silenciosos nos bairros, sempre presentes nos corredores das fábricas e nos encontros de esquina. Cada anúncio no obituário funciona como um lembrete de que somos todos interligados, como fios de uma grande teia social. Que a memória deles continue viva nos relatos dos vizinhos e nas lembranças das famílias.
Que o apoio da gente se faça presente, seja com flores, visitas ou apenas um ombro amigo.
Ao analisar o obituário do DGABC, constata‑se que a prática editorial segue um padrão mecânico que há décadas não sofre inovação alguma, mantendo um formato estático que poderia ser modernizado com dados demográficos mais ricos. A inclusão de nacionalidade apenas no caso de Ana Maria destaca um viés de exotização que se faz presente em outras publicações locais. Além disso, a ausência de causas de falecimento, ainda que amparada por lei, impede qualquer estudo epidemiológico que poderia beneficiar a saúde pública regional. O fato de que o cemitério é mencionado sem horário ou detalhes do culto demonstra uma lacuna informacional que os familiares talvez prefiram, mas que a sociedade perde em transparência. A repetição de nomes como "Santo André" em todos os anúncios evidencia uma falta de contextualização geográfica mais precisa, como bairros ou distritos menores. Outro ponto crítico é a velocidade de publicação, que embora louvável, pode comprometer a checagem de dados e gerar erros de ortografia ou informações equivocadas. O artigo também falha ao não abordar as mudanças nas práticas funerárias digitais, que já são realidade em várias cidades do país. É curioso notar que a seção não menciona a existência de serviços de apoio psicossocial às famílias enlutadas, algo fundamental nos dias atuais. A presença de imigrantes europeus nos registros históricos, embora citada, poderia ser aprofundada com números de chegada e integração. A falta de imagens ou fotos dos falecidos reduz a empatia do leitor e limita a conexão emocional. Também falta ao texto uma análise da taxa de mortalidade na região comparada a outras áreas industriais, o que seria relevante para políticas públicas. Ademais, a coluna não oferece espaço para mensagens de condolência de colegas de trabalho, que poderiam ser um importante registro social. A tradição de publicar avisos em papel, embora nostálgica, parece desconsiderar a migração de leitores para plataformas digitais. Por fim, a ausência de dados sobre a faixa etária média dos falecidos impede identificar tendências de longevidade nas comunidades locais.
É inconcebível que ainda celebrem esses velhos tempos sem enxergar a necessidade de evolução.
Li o obituário e percebi que a forma como eles listam a origem dos falecidos pode revelar padrões de migração que poucos notam. Acho que se analisarmos os nome e suas nasce, dá pra entender como a industrializaçao mudou a demografia da região.