Jokić faz 61 pontos em triplo-duplo histórico, mas Nuggets perdem para Timberwolves em prorrogação

Na noite de terça-feira, 1º de abril de 2025, Nikola Jokić escreveu seu nome na história da NBA — mas não com uma vitória. O pivô sérvio de 29 anos, estrela do Denver Nuggets, anotou 61 pontos, 10 rebotes e 10 assistências em uma performance que superou até mesmo os seus próprios padrões absurdamente altos. O jogo, disputado no Target Center, em Minneapolis, terminou em derrota por 140-139 contra o Minnesota Timberwolves, após duas prorrogações. E aqui está o paradoxo: a maior pontuação em um triplo-duplo da história da NBA foi acompanhada por uma derrota. Isso não acontecia desde Wilt Chamberlain, em 1963.

Um recorde que ninguém esperava ver quebrado

Jokić não só bateu o recorde anterior de 53 pontos em um triplo-duplo, detido por James Harden desde 2019 — ele o superou por oito pontos. Seus 61 pontos também foram os mais altos da temporada 2024-25 da NBA, superando até mesmo as melhores atuações de Luka Dončić e Jayson Tatum. Ele acertou seis arremessos de três pontos, algo inédito para um pivô nesse nível de produção, e ainda roubou a bola duas vezes. Em 47 minutos de jogo, ele tomou 27 arremessos, convertendo 21 deles. Foi uma aula de controle, precisão e inteligência. Mas, como disse seu treinador, Michael Malone: “Ele fez tudo. A gente não fez o suficiente.”

Essa foi a 31ª vez que Jokić registrou um triplo-duplo nesta temporada — um recorde da liga moderna. Ele se tornou o 31º jogador na história da NBA a alcançar 60+ pontos em um triplo-duplo. E, ainda assim, foi a primeira vez que alguém fez isso em um jogo com duas prorrogações. Wilt Chamberlain, o único outro jogador a perder um jogo com 50+ pontos em triplo-duplo, fez isso em 1963 — sem prorrogação, sem três pontos, sem o ritmo acelerado de hoje.

Os Timberwolves não deixaram o jogo escapar

Enquanto Jokić brilhava, o Minnesota Timberwolves não desistiu. Anthony Edwards, de 23 anos, liderou a equipe com 34 pontos, 10 rebotes e 8 assistências, mostrando por que é considerado o futuro da liga. Julius Randle e Alex Weller, ambos com 26 pontos, ajudaram a manter o equilíbrio ofensivo. Seis jogadores do Minnesota marcaram dois dígitos — algo raro em jogos tão intensos. O time, que vinha de duas vitórias consecutivas, confirmou sua resiliência na reta final da temporada regular.

Com o triunfo, os Timberwolves chegaram a 45 vitórias e 33 derrotas, subindo para a sétima posição na Conferência Oeste. Eles estão na briga direta para evitar o play-in tournament — algo que pode significar uma vantagem de casa nos primeiros jogos dos playoffs. Já os Nuggets, com 48 vitórias e 30 derrotas, mantiveram a terceira colocação, mas perderam a chance de se consolidar como favoritos ao título da conferência.

Uma vitória que vale mais que um recorde

Glen Taylor, proprietário dos Timberwolves desde 1994, não escondeu a emoção após o jogo: “Essa vitória mostra o caráter da nossa equipe. Não é só talento. É coragem.” E ele tem razão. O recorde de Jokić é monumental — mas a vitória do Minnesota foi mais valiosa na prática. Enquanto os Nuggets se preparam para encerrar a temporada regular contra o Oklahoma City Thunder, no Ball Arena, em Denver, na quinta-feira, 3 de abril, os Timberwolves têm o jogo da vida pela frente: garantir uma das 8 vagas diretas nos playoffs, sem precisar passar pelo play-in.

Na arquibancada, 17.954 pessoas gritaram até o último segundo. O Target Center, com capacidade para quase 19 mil, vibrou como se fosse um jogo de final. E quando o último arremesso de Jokić, em uma tentativa de empatar nos últimos segundos da segunda prorrogação, não entrou, o silêncio foi quase sagrado. Porque ninguém naquela noite duvidava: ele fez tudo o que era possível. Só que, às vezes, o basquete não recompensa o melhor jogador — recompensa o melhor time.

Por que isso importa para os playoffs

Os playoffs da NBA começam em 17 de abril de 2025. E essa derrota pode ter consequências reais para o Denver Nuggets. Embora ainda sejam favoritos na Conferência Oeste, perder jogos assim — especialmente em casa contra times que estão lutando para se classificar — pode abalar a confiança. Jokić está jogando em um nível que parece de outro planeta. Mas o basquete não é um esporte individual. A defesa dos Nuggets falhou nos momentos decisivos. Eles não conseguiram conter Edwards nas penetrações. Não marcaram bem os cortes de Randle. E não conseguiram fechar o jogo nos minutos finais.

Michael Malone, treinador de 52 anos, admitiu: “Nós nos acostumamos a vencer com a genialidade do Nikola. Mas agora, precisamos ser mais que isso.” O que isso significa? Que, se os Nuggets quiserem ganhar o título, precisam de mais do que um superpivô. Precisam de coesão, de defesa, de alguém que assuma a responsabilidade quando o jogo estiver no limite.

Já os Timberwolves, por outro lado, encontraram algo que faltava: identidade. Eles não são os mais talentosos. Mas são os mais unidos. E, nesse momento da temporada, isso pode ser mais importante que qualquer recorde.

Um legado em construção

Jokić não perdeu nada com essa derrota. Pelo contrário. Ele se tornou o primeiro jogador da NBA a registrar um triplo-duplo de 60+ pontos em jogo com duas prorrogações. Ele é o único a fazer isso em uma temporada em que o ritmo do jogo é mais acelerado, os jogadores são mais ágeis e as defesas mais organizadas. Em termos históricos, ele está em uma categoria só dele: o homem que fez o impossível — e ainda assim não venceu.

Wilt Chamberlain fez 100 pontos. Michael Jordan fez 69. Kobe Bryant fez 81. Mas nenhum deles fez isso em um triplo-duplo. E nenhum deles perdeu um jogo com isso. Jokić fez os três. E isso, talvez, seja o que mais o define: não o recorde em si, mas a capacidade de ser tão incrível que, mesmo perdendo, ele ainda muda o jogo.